quarta-feira, 28 de março de 2012

Escatol: Jasmim ou fezes? Contextualizando

Discutindo um pouco sobre a contextualização no ensino de Química, este post falará um pouco sobre uma substância com uma característica bastante especial.

O Escatol é um composto químico cristalino, uma amina, de fórmula C9H9N, também chamado de 3-metilindol, medianamente tóxico, de cheiro desagradável e forte de fezes, embora em baixas concentrações passe a ter um odor floral.

Por que os cães cheiram embaixo da cauda uns dos outros?

O Escatol é uma substância responsável pelo cheiro de fezes. No entanto, o que poucos sabem é que essa mesma substância é respon­sável pela agradável (para alguns) essência de Jasmim.

Percebam o que acontece: Em baixa concentração, nossos caminhos neuronais interpretam o sinal da interação dessa molécula com aqueles receptores nos cílios do nariz como algo agradável. Já em alta concen­tração, interpretamos tal interação como um mau cheiro. Assim, como o sistema olfativo do cão é muito mais sensível do que o nosso, exatamente por conter uma quantidade muito maior de cílios e de caminhos neurológicos, ele consegue detectar as moléculas responsáveis pelo odor do jasmim, sentido por humanos a uma distância muito grande, já que tal composto, diluído no ambiente, pressupõe baixa concentração. Daí, o cão segue tal cheiro até sua origem, que geralmente estará logo abaixo da calda de outro cachorro após ter evacuado.

Logicamente não podemos dizer que o cão sente o agradável odor do jasmim, considerando que sua interpretação e integração dos sinais do sistema nervoso é diferente da do ser humano, bem como a quantidade e combinação de receptores olfativos, mas seria no mínimo relevante se assim o fosse e que ele se sentisse atraído por um odor tão agradável.

Pensando como uma oportunidade de estudo, este tema discutido acima pode ser incorporado em uma aula.

Uma discussão sobre odor, por exemplo, pode contribuir para a aprendizagem dos alunos à medida que é levada para uma situação não-comum. Nesse sentido o professor pode discutir sobre o mau cheiro na qual culturalmente é associado a situações de perigo e alerta, o que provocaria nos alunos tais situações quanto ao conteúdo proposto. Deve-se salientar que nossa estrutura cognitiva tem facilidade de guardar lembranças relacionadas ao mau cheio (SILVA, et al., 2011). Podemos como professores pedir aos alunos uma relação de substâncias que causam o mau cheiro e solicitar que diferenciem tais substâncias em relação à função química, massa molar, ponto de fusão e de ebulição. O intuito não é mistificar a química como ciência do mau cheiro ou induzir o aluno à mistificação. A ideia é mostrar as várias facetas de conhecimento químico (SILVA, et al., 2011).

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(Extraído e adaptado de: Algo Aqui Não Cheira Bem... A Química do Mau Cheiro. Revista Química Nova na Escola. v. 33, n.1, 2011)

Tabela Periódica

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