sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Professor ou Educador?

Todo ano repete-se a mesma história, 15 de outubro é o dia do professor!
Mas o que muda a cada ano? O que há de diferente em cada 15 de outubro? Todo professor é, por função, Educador?

Diferente dos outros anos, falarei um pouco do Professor-Educador.

Para Paulo Freire, a experiência educativa deve manter seu caráter formador, pois, sem ele, o ensino do conteúdo e o treinamento técnico não são suficientes para o desenvolvimento moral dos educandos. Ele entende que educar é fundamentalmente formar, e essa formação supõe o exercício ético, apoiado em princípios e que critique permanentemente os desvios fáceis por que somos tentados às vezes ou quase sempre.
A esperança, para o professor, não é algo vazio, de quem "espera" acontecer. Ao contrário, a esperança, para o professor, encontra sentido na sua própria profissão, a de transformar e construir pessoas e alimentar a esperança delas para que consigam, por sua vez, construir uma realidade diferente.

Nas palavras de Rubem Alves: "Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma, continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais..." (Rubem Alves, em carta enviada a alguns amigos no final de 2001). Paulo Freire em seu último livro (pedagogia da Autonomia), trabalha principalmente a ética e a estética do ser professor: o que ele deve saber para ser professor, como ele deve ser para ser professor. Em suas palavras "Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que aprendemos ser possível ensinar, teríamos entendido com facilidade a importância das experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de aula das escolas, nos pátios dos recreios, em que variados gestos de alunos, de pessoa administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios de significação".

Em Pedagogia dos Sonhos Possíveis, Freire demonstra o seu cuidado com o trabalho da docência: "É necessário que o professor entenda que a prática autêntica do educador reside no fato de que o educador se recusa a assumir o controle da vida, dos sonhos e das aspirações dos educandos, já que, fazendo isso, poderia, com muita facilidade, recair num tipo de educação paternalista (2006, p.18)". Em outro livro seu, Educação e Mudança, Freire refere-se ao diálogo: "E o que é o diálogo? É uma relação horizontal de A com B. Nasce de uma matriz crítica e gera criticidade. Nutre-se de amor, de humanidade, de esperança, de fé, de confiança. Por isso, somente o diálogo comunica. E, quando os dois polos do diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com fé no próximo, fazem-se críticos na procura de algo, e se produz uma relação de empatia entre ambos. (1994, p.69) ". Segundo Freire (1996, p.47), é preciso "Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção".

Rubem Alves introduziu uma intrigante distinção entre ser professor e ser educador: Com o advento do utilitarismo, a pessoa passou a ser definida pela sua produção; a identidade é engolida. E conclui mais à frente: Talvez um professor seja um funcionário das instituições... O educador, ao contrário, é um fundador de mundos, mediador de esperanças, pastor de projetos. Não sei como prepara o educador. Talvez isso não seja nem necessário nem possível... É necessário acordá-lo. E aí aprenderemos que educadores não se extinguiram como tropeiros e caixeiros (Brandão, 1982, p.16).

Feliz Professor que tem o seu dia...

...Todos os dias [são dos professores] para contribuir em uma sociedade mais justa, em pessoas mais generosas, em um mundo com menor desigualdade.

...Todos os dias [são dos professores] em que tornam-se formadores de opiniões, para qualquer área de atuação, se não houver o professor não há o profissional...

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Referências:

Freire, P. Educação e Mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1994.
______. Pedagogia da Autonomia.: Saberes Necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
______. Pedagogia dos Sonhos Possíveis. São Paulo: Unesp, 2001. Organizado por Ana Maria Araújo Freire.
Brandão, C. R. O Educador: vida e morte - escritos sobre uma espécie em perigo. São Paulo: Brasiliense, 1982.

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